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quarta-feira, março 28, 2007

O ditado do amor rimado.


O que eu lembro é do meu peito aberto

Assim como meus braços pro teu abraço

Depois que me disse que era tudo incerto

E me deixou sozinho aqui nesse cansaço.


Aconteceu que depois amanheceu

Enquanto o amor dormia,

As crianças choravam por peito

E do meu leito você fugia.


Acabou que quando você voltou

O espaço que era seu diminuiu

Imprensado pela dor que ficou

No lugar do amor que você não nutriu.

Vira-lata


Quanto mais eu te odeie

Mais tenha a certeza de que

Eu te amo.

Quanto mais eu tente limar

O limão que tua lembrança

Azeda no meu pensamento,

Mais tenha a certeza de que

Há um ímã repartido,

Pedaço no meu,

Pedaço no teu.

Partido.

Mesmo que eu tenha tanto querido

Já ter te esquecido,

Mais eu te odeio

E mais estar sem você

Me soa esquisito.

Mais minha paz

Eu tenho esquecido

E mais dias vão passando

E eu com essa cara de cachorrinho sofrido.

sexta-feira, março 16, 2007

Tsssss...

Eu não tenho nada a dizer porque quebraram minhas mãos.
Vedaram a minha boca no momento em que quebraram minha linha de raciocínio emocional.
Estou sem.
Estou nem.
Já que o que importava não existe mais.
Estou só, pelo meio.
Sozinho.
Por enquanto pozinho.
Um pozinho tentando ser massa.
Querendo expandir minhas moléculas.
Querendo ocupar mais espaços.
Estico-me, mas é muito grande, o esforço.
Não que eu não precise, não que eu não mereça, mas simplesmente porque eu não quero.
Quero dormir e quero fazer um milhão de coisas.
Ao mesmo tempo.
Quero me sentir rodando,
igualzinho à grande bola azul de nome amarelo queimado.
Sentado.
Parado.
Quase repouso.
Mas suo.
Os pensamentos me desgastam.
Não quero mais pensar, já que penso: sangro.

quarta-feira, março 14, 2007

Eu e você
Eu querendo te comer
E você a mercê
Padecendo sob o entardecer
e eu querendo te ter
Querendo merecer você
Que liga a tevê
Fica se distraindo sem nem ver com o quê
Cú doce pra quê?
Se é só deixar o desejo ser...

quarta-feira, março 07, 2007

Promessa pros cachinhos.



"Um dia, nem q seja qnd a gente tiver bem velhinhos, teremos um instrumento de verdade pra acompanhar a cantoria de nós quatro a tarde na praia, qnd eu chamar vc¨.
Foi a partir da lembrança de um domingo memorável que surgiu então essa promessa. Aaanos se passaram e os dois adolescentes tornaram-se adultos.
Separadamente juntos, dá pra entender?
 - Dá sim!
É só lembrar daquele seu velho amigo que se mudou pra uma cidade nos cafundores do Judas quando vocês só tinham 12 anos e ainda hoje, casados, mestrandos e doutorandos vocês ainda trocam cartões postais ilustrando finais de tarde lindos em praias e vilarejos em outros cafundores dizendo, mesmo tanto tempo depois, que só faltava o outro do lado pra tudo estar completo.
Pois bem, geograficamente eles quase nunca estavam próximos, mas o que é a presença física diante das certezas que só os sentimentos trazem? Tanto tempo e possibilidades de o amor e a cumplicidade entre os dois se desfazerem já havia ocorrido, mas seja onde fosse: a cada encontro, a cada abraço, a cada oportunidade de pegar um na mão do outro havia sempre uma ansiedade que se expandia com uma velocidade cortante dentro dele.
Ela era pra ele uma espécie de travesseiro macio.
- Quando é que se recusa um abraço, um aconcheguinho num bom travesseiro? Um ombro apto para sustentar seu rosto que, por sua vez vinha acompanhado do seu ombro também apto ao encaixe pra ela encostar o rosto dela, com seus cachinhos poeticamente vastos a cada abraço dos dois.
Valia tudo entre os dois. Até deixarem cair duas acanhadas lágrimas dos olhos, afinal era carnaval. Só deixaram cair duas lágrimas cada. Era inevitável depois de um “- Vou sentir saudades!” pela lembrança de que brevemente a geografia os seria mais perversa.
Justo quando a promessa que ele a tinha feito já estava tão próxima: andava pra cima e pra baixo com um caxixi, seu brinquedinho novo. Tshk tshk tshk tshk tshk tshk tshk tshk tshk tshk.