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sábado, janeiro 16, 2016

Entre_tempos.

É lindo o que Marilia diz antes de começar a interpretar Drumond.
É tão profundo quanto inexplicável se ver lacrimejando quando da identificação com um texto escrito em outra época, em outro contexto por outro corpo...
Esses dias eu estava lendo um texto sobre o Jerzy Grotowski e no segundo parágrafo eu já não controlava as lágrimas que caíam, caíam caíam morro abaixo.
Não era tristeza. Era emoção.
Havia um diálogo naquele momento como poucas vezes tive o prazer de experienciar com os outros, lado a lado.
Essa semana senti/vivi isso de novo, mas com um texto do Arnaldo Antunes, datado de 28 de abril de 1985 (nessa época eu ainda estava aprendendo a andar, falar e não comia sozinho, imagino) e só agora eu entendi um pouco melhor o que ele quer dizer com "nem tudo que se tem se usa"*.
Eu já conhecia essa frase há mais de dez anos pela música Nem Tudo e, como tudo o  que conheço dele, eu adoro cantarolar.
Você veja: as coisas realmente têm o seu tempo. E o tempo é individual. Há o inevitável tempo, o do relógio, do calendário, o dos álbuns de fotografia. Mas há o tempo de apuração e maturação. Dos corpos, de uma idéia, de conceitos, de transformação dos muitos pensaventos em pensamentos.
Com vinte e poucos eu queria voar. Com 30 eu ando aprendendo a andar. E isso vem se (an)dando ao passo que tenho (re)aprendido a me amar, a amar o outro, os outros e às palavras.


*(Ed. ILUMINURAS, p.17 . 2014)


https://youtu.be/I9KTm3vMKa8

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